segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Os signos do espaço urbano


Os signos do espaço urbano

In. LAMAS, José. Morfologia Urbana e Desenho da Cidade. Lisboa, Fundação Calouste Gulbentrian, 1992.

Para termos uma leitura clara do espaço em que vivemos é necessário o conhecimento de suas partes,ou seja, dos elementos que originam sua forma, o modo como estes se relacionam entre si e com o próprio espaço urbano.

Os elementos do espaço arquitetônico e urbano, como as janelas, as portas, as paredes, as coberturas, as escadas,o lote, a rua,o quarteirão,a praça, apresentam características, formas, funções,finalidades, atributos estéticos, expressão e significados, que variam no decorrer do tempo e das civilizações.

A terra

A partir de sua formação geológica em diferentes eras, o solo é um dos locais no qual

o homem pode interagir com o espaço,onde pode senti-lo na sua forma mais simples e pura,sendo suas características (topografia- aclive e declive, revestimentos vegetais- floresta/mangue, suas vias e o tipo de pavimentação) fundamentais para a adaptabilidade humana no meio.

Assim como o significado e a função dos elementos arquitetônicos podem variar no tempo, assim também o solo,sua forma,suas camadas e características podem alterar-se devido a forças da natureza ou humanas (ex.:mercado imobiliário).

Os edifícios

O edifício pode ser considerado como o elemento mínimo,significativo e com forma própria, no espaço urbano.Através de sua disposição no solo,ocorre a formação de um espaço identificável e peculiar,entre ruas, quadras e vazios, constituindo assim um tecido urbano, que pode ser isolado ou contínuo.

Podem ser analisados pela sua forma (tipologia construtiva) e função (morfologia urbana) que apresentam na cidade,estabelcendo-se assim relações diferentes com o espaço urbano e seus elementos.

A forma urbana origina-se do agrupamento de edifícios com variadas tipologias construtivas.

O Lote

É uma parcela do solo,a base inicial, na qual o edifício está implantada, estabelecendo com ele uma relação de cheio e vazio.É o espaço no qual ocorre a separação da área pública (vias, praças, calçadas) da privada (terreno).

O Quarteirão

É formada pelo cruzamento de 3 ou mais via, sendo sua área dividida em lotes de dimensões e formas variados, onde se localizam os edifícios. É considerado um elemento morfológico importante no planejamento das cidades até o pós-guerra. Relaciona-se com as vias, os espaços públicos, os lotes e os edifícios.

O quarteirão tem a função de organizar e agregar os usos residenciais, comerciais, de serviços,industriais e mistos, como também os espaços públicos, semipúblicos e privados de um lugar.


A Fachada

É um elemento importante na forma e na imagem da cidade, que faz a ligação entre os espaços público,privado e urbano. Suas características dependem da tipologia construtiva, do zoneamento, da hierarquização, da época em que foi construída e do estilo arquitetônico utilizado. Em conjunto, as fachadas formam um cenário urbano.

No principio do urbanismo, a fachada principal orientava o projeto arquitetônico e seu programa, sendo as fachadas laterais somente empenas, enquanto no urbanismo moderno, com o afastamento progressivo do edifício dos limites do lote, as fachadas laterais começam a ter uma identidade estética, integrando-se com as funções no interior do edifícios.

O logradouro

É considerado o espaço não edificado do lote, resultando dos afastamentos frontal, lateral e posterior. Entre suas utilizações, no decorrer da história, pode-se destacar: o quintal, a oficina, a cozinha, a horta e atualmente, o espaço de uso coletivo nos condomínios residenciais.Sua análise através da figura-fundo possibilita a compreensão da evolução, da densificação e da ocupação de uma cidade.

A rua

O traçado tem a função de organizar a disposição de edifícios e quarteirões, dos espaços públicos e privados, confundindo-se com o gesto criador do urbanista. Forma uma relação direta entre a hierarquia dos traçados e a hierarquia da escala urbana.

Pode ser classificada conforme o fluxo de veículos, ao tipo de uso (pedestres, veículos) e a sua finalidade.

O traçado constituído pelo conjunto de ruas, que podem sofrer modificações durante sua existência, estabelece uma forte ligação do lugar com a cidade e o território.

A praça

É um elemento morfológico das cidades ocidentais com forma e programa próprios, diferente dos demais elementos urbanos, sendo um significante espaço de uso coletivo. Caracteriza-se como lugar de encontro, de confluência de pessoas e veículos, de permanência, de eventos sociais, das manifestações populares. Pode apresentar formas variadas como retangular, quadrangular, triangular, circular entre outras.

Adquire importância como elemento morfológico urbano, a partir do Renascimento sendo utilizada até os dias de hoje.

O monumento

É um elemento urbano pontual, relevante na imagem da cidade, que transmite através de uma escultura ou de um conjunto arquitetônico, às gerações futuras um fato histórico ou a memória de uma pessoa importante para o lugar no qual está inserido, apresentando uma linguagem arquitetônica e características de composição próprias.


A árvore e a vegetação

São elementos de composição e do desenho urbano, que têm a função de embelezar, criar áreas sombreadas e microclimas, além de facilitar a “respiração” do ambiente urbano. Podem definir o alinhamento em vias e em praças, assim como a criação de novos espaço.


O mobiliário urbano

São equipamentos de uso coletivo e pontuais, que “mobiliam” o espaço urbano, como o poste, o banco, o telefone público, a lixeira, a parada de ônibus, os quiosques, as placas de sinalização, entre outros. Sua organização e distribuição são fundamentais para o bom fluxo de pedestres e veículos na cidade, além da favorecerem a leitura clara do espaço urbano. Atualmente é utilizado como um instrumento na requalificação das cidades.

Outros termos

Alameda (Celson Ferrari – Dicionário de Urbanismo. Disal Editora)
Espécie de via urbana ou, mais especificamente, uma espécie de rua arborizada nas laterais, originalmente com álamos, hoje com qualquer árvore. O mesmo que bulevar (boulevard, em francês).

Bulevar (Wikipedia)
Boulevard (francês, do neerlandês Bolwerk – bolwark, com a mesma etimologia de baluarte) ou, em português, bulevar, é um termo que designa um tipo de via de trânsito, geralmente larga, com muitas pistas divididas nos dois sentidos, geralmente projetado com alguma preocupação paisagística. O termo foi inicialmente introduzido na língua francesa em 1435 como boloard, e desde então foi alterado para boulevard.
A palavra francesa boulevard originalmente se referia ao topo reto (passarela) dos muros de cidades medievais. Vários boulevares parisienses substituíram velhos muros medievais, mas, mais geralmente, boulevares circulam centros de cidades, em contraste com as avenidas, que irradiam de centros.
O Barão Haussmann fez estas vias conhecidas em seu re-planejamento da Paris do Segundo Império, entre 1853 and 1870.