sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Vocabulário Crítico do livro "A Imagem"

.A Imagem de Eduardo Neiva Jr. Capítulo 7- pág. 82 à 85.


Designação/ Designativo: propriedade que os signos têm de se referirem ao exterior, para além de si mesmos, para processos e coisas do mundo, ou a estados mentais de quem os utiliza.

Frontalidade/ Frontal: mais do que uma simples organização do plano representativo, a frontalidade é um padrão de verdade. No telejornalismo o locutor encara a câmera; ele olha o nosso olhar.

Icônico/ Iconicidade: a iconicidade é uma qualidade comum ao representante como ao representado. È um tema polêmico da teoria dos signos. (Cf. Eco, Umberto. Teoria de semiótica geral. São Paulo, Perspectiva, 1980. p.169-90)

Iconologia: falar em iconologia é referir-se ao Warburg and Courtauld Institute, da Universidade de Londres, cujos principais expoentes são Saxl, Panofsky, Aby Warburg e Gombrich. A iconologia supõe que as imagens ilustram, na arte renascentista, textos históricos que são passiveis de desvelamento numa espécie de arqueologia. A função da iconologia, segundo Gombrich, não se prende à mera identificação do texto, sublinhando a representação visual; é preciso reconstruir todo o programa histórico que autoriza a imagem. “A iconologia deve começar com um estudo das instituições, ao invés de um estudo dos símbolos.”(Symbolic images. London, Phaidon, 1975. p. 21)

Maneirismo: tendência da pintura que recusa a proporção, o equilíbrio e a racionalidade dos primórdios do Renascimento. O mundo da aparência natural deixa de ser objeto da representação pictórica. O maneirismo tem o propósito de entregar-se à distorção das formas, trazendo para a experiência um outro mundo que lhe seja autônomo.

Perspectiva: a melhor observação sobre perspectiva é de Panofsky: “da mesma forma que foi impossível para a Idade Media elaborar o moderno sistema através de uma determinada distancia entre o olho e o objeto, capacitando o artista para evocar imagens compreensíveis e coerentes das coisas visíveis, igualmente foi impossível para eles alcançar a idéia moderna da Historia, que está fundada na compreensão de uma distância intelectual entre o presente e passado, permitindo ao investigador construir conceitos compreensivos e coerentes de períodos passados. (Estúdios sobre iconologia, p. 34.)

Referência/ Referente: os enunciados que emitimos supõem uma relação referencial com o exterior, ou seja, referências lingüísticas devem dirigir-se a uma realidade autônoma cujos componentes chamados de referentes. Essa é uma exigência fundamental – essencial mesmo- da expressão lingüística. Oswald Ducrot, no verbete referente, da Enciclopédia Einaudi, sugere que “desde que haja um ato de fala, um dizer, há uma orientação necessária para aquilo que não é dizer”. (Lisboa, Imprensa Nacional, 1984. p. 415. v. 2.) O referente tem um estatuto ambíguo, pois é exterior ao discurso e, entretanto, fica nele inscrito. A leitura do artigo de Ducrot é essencial para qualquer questão pertinente à lógica, lingüística, filosofia e teoria da imagem.

Repertório: “conjunto de signos que devem ser dispostos por um processo de eleição (seleção)”. BENSE, MAX & WALTER, Elizabeth, dir. La semiótica; guía alfabética. Barcelona, Anagrama, 1975. p. 132.) O repertório é uma unidade mais abrangente do que o signo.

Representação: processo de substituição que, através de signos, nos permite formar o ausente como presente. A representação é uma das condições para o significado.

Significado: seguindo um pressuposto mentalista, o lingüista Ferdinand de Saussure (1857-1913) definiu significado como conceito que está indissoluvelmente ligado à expressão material do signo, ou seja, a seu significante. Já para o filósofo Charles Sanders Peirce (1839-1914), o significado é produzido por meio de uma interpretação que traduz o primeiro signo em outro, chamado interpretante. O significado é uma operação sígnica, resultante de uma semiose, de um processo de cooperação triádica que envolve dois signos em relação de interpretação e um objeto que é por estes representado.

Signo: tudo aquilo que representa algo para alguém sob algum aspecto ou circunstancia. Exemplos: palavras, pessoas em funções públicas, imagens, manifestações atmosféricas etc., desde que preencham a função de representar.

Símbolo: um tipo de signo; um representante que está no lugar de algo, só que a eficácia da representação depende -no caso do símbolo- de um grau mais alto de convencionalidade, que é o elemento mais forte. Facilmente esquecemos que a cruz é um instrumento de tortura para compreendê-la como símbolo da cristandade. (pra quem se interessa em desvendar este tema, cf. PEIRCE, Charles Sanders. Ícone, índice, símbolo. In:-. Semiótica e filosofia. São Paulo, Cultrix, 1965.)

Verossimilhança/ Verossímil: Aristóteles define, na Retórica, o verossímil como aquilo que é capaz de persuadir, não por seu caráter lógico e argumentativo, mas pela força daquilo que a opinião pública considera como plausível e aproximado da verdade.

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