terça-feira, 9 de dezembro de 2008

DESIGN / DESENHO / DISEGNO

Design/ desenho/ disegno por Thalita Peisino Franco
“A palavra “design” se origina do latim. O verbo “designare” é traduzido literalmente como determinar, mas significa mais ou menos: demonstrar de cima. O que é determinado está fixo. Design transforma o vago em determinado por meio de diferenciação progressiva. Design (designatio) é compreendido de forma geral e abstrata. Determinação por meio da apresentação. A ciência do design corresponde à ciência da determinação.” (Holger van den Boom, 1994).

Em 1588, o Oxford Dictionary mencionou pela primeira vez o vocábulo design: um plano desenvolvido pelo homem ou um esquema que possa ser realizado; o primeiro projeto gráfico de uma obra de arte e; um objeto das artes aplicadas ou que seja útil para a construção de outras obras. Para o dicionário Aurélio design é a concepção de um projeto ou modelo (planejamento) e o produto deste planejamento. Em inglês design é tanto um verbo: simular, desenhar; quanto um substantivo: intenção, plano, estrutura básica.

O pintor, arquiteto e autor de textos sobre arte do século XVII, Giorgio Vasari, diz que o princípio a que a obra de arte deve a sua existência é o “disegno”, o que salvo tradução significa apenas desenho ou esboço. “Disegno” significa em todos os tempos a idéia artística e por isto havia na época a diferença entre “disegno interno”, o conceito para uma obra de arte (o esboço, o projeto ou o plano) e o “disegno externo”, a obra de arte completa (desenho, quadro, plástica). Vasari elevou o desenho, o “disegno”, a pai de três artes: pintura, plástica e arquitetura.


Com a Revolução Industrial e o advento da máquina, o histórico conflito entre técnica e arte se tornou mais agudo. Para Vilanova Artigas, foi nessa época que o desenho se fortaleceu como a linguagem que une arte e técnica: “O “desenho” como palavra traz consigo um conteúdo semântico extraordinário. Este conteúdo equipara-se a um espelho, donde se reflete todo o lidar com a arte e a técnica no correr da história. É o método da lingüística; do “neo-humanismo filológico e plástico, que simplesmente se inicia, mas que pode vir a ser uma das formas novas de reflexão moderna sobre as atividades superiores da sociedade”. O conteúdo semântico da palavra desenho desvenda o que ela contém de trabalho humano acrisolado durante o nosso longo fazer histórico”.

Ainda para Artigas, Platão, ao igualar arte e intenção, levanta o véu sobre o que mais tarde virá a acontecer com a nossa linguagem. Ele será desenho, mas também será desígnio, intenção. Pois a arte é obra do homem e não da natureza.

No Renascimento, desenho era “disegno”, e já possuía um significado e uma semântica entrelaçados que agitam a palavra pelo conflito que ela carrega sendo uma expressão da técnica e da arte ao mesmo tempo.

No Português, a palavra aparece no fim do século XVI em carta régia enviada por D. João III dirigida aos patriotas brasileiros que lutavam contra a invasão holandesa no Recife, significando desígnios, intenção, planos inimigos.

No projeto arquitetônico, de acordo com o Prof. Dr. Carlos Antônio Leite Brandão, o desenho é momento de compreensão, e não de explicação, do conceito de um projeto. A explicação procura encontrar-lhe causas e leis até enquadrá-lo dentro de uma configuração geral e sistemática, através da análise. Dizer que o desenho não explica, mas compreende o conceito, é considerar que a relação entre um e outro não é exterior: eles se implicam mutuamente e conquistam-se reciprocamente.

Bibliografia

ARTIGAS, João B. Vilanova. Caminhos da Arquitetura. 2ª ed. – São Paulo, Editora Pini. Fundação Vilanova Artigas, 1986.

BRANDÃO, Carlos A. Leite. Linguagem e Arquitetura: O Problema do Conceito. Interpretar Arquitetura Número 1. Disponível em: <http://www.arquitetura.ufmg.br/ia/>.

BÜDEK, Bernhard E. História, teoria e prática do design de produtos. Tradução Freddy Van Camp. 1ª edição - Editora Edgard Blücher. São Paulo, 2006.

FLUSSER, Vilem. The Shape of Things A Philosophy of Design. Tradução livre feita por Débora F. Figueiredo Bergamasco de parte da obra. Reaktion Books Ltda., 1999.

Academia Brasileira de Letras. Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa. 2ª ed. – Editora Nova Fronteira, 1986.

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