terça-feira, 9 de dezembro de 2008

OBRA DE ARTE

Vocábulo: Obra de arte
Por Stephanie Ribeiro Azevedo
1. O objeto
2. Por Heidegger
3. Propriedades da obra de arte
4. Da relação com o observador
5. Em patrimônio
6. Considerações finais

1. O objeto
Uma obra de arte é uma coisa composta de forma e matéria. Difere do utensílio por que neste a matéria perde importância para o uso pretendido. A obra de arte é algo com a qual não podemos fazer nada, não há uma utilidade além da apreciação. Ela não se detém ao limite do seu contorno ou uso, e vai além de uma verdade imediata que o utensílio transmite. A obra é simplesmente uma coisa que se explica pela ligação matéria-forma.
Por Heidegger
De acordo com Heidegger, a obra dá lugar ao mundo e revela a uma terra até então obscura, esquecida. Considera-se o mundo um espaço livre de possibilidades movido pelas decisões do homem em relação à vida/ à morte, ao falso/ ao verdadeiro, etc. A terra designa o material de que é feita a obra, parte dela está escondida aos olhos do homem, uma vez que ele não conhece a natureza toda. Logo, a obra é a representação desse combate entre o descoberto e o encoberto. Podem ser tudo, menos uma fabricação arbitrária e uma ficção.
Propriedades da obra de arte
A obra de arte tem duas propriedades: a de mostrar-se a si mesma, como corpo, revelando a terra ainda desconhecida aos olhos do homem; e a de sugerir um sentido transcendente, um mundo, composto por um conjunto de possibilidades de existência. É através do material (matéria) e dos meios específicos de cada arte (forma) que a obra simboliza e propõe um conjunto articulado pelo artista. Esse conjunto possui sua própria afetividade, seu próprio sentido que pode ser próximo ou distante, verdadeiro ou falso, e estar ou não contextualizado numa determinada época histórica. Trata-se de uma explanação em que fica claro que não se trata de um mundo fictício, criado pelo artista, e sim de um mundo por ela revelado, tornando presente, valorizado e potencializado.
4. Da relação com o observador
Uma obra de arte transmite certo prazer na sua apreciação, tanto formal, no que tange à sua configuração estética; quanto da transmissão de sua verdade (idéia) que instiga, surpreende, e até causa insatisfação. Portanto, para reconhecê-la, deve-se abandonar qualquer sentido preestabelecido e interpretá-la a partir da técnica utilizada e linguagem emocional que proporciona, a fim de evitar reduzi-las a meras formas e idéias arbitrárias. Em suma, a filosofia vê a obra de arte hoje como imagem da verdade ambígua de nossa existência ou de nossa relação com o mundo.

5. Em patrimônio
Para traçar uma metodologia de restauro, Brandi estuda o valor da obra de arte e a define como produto especial da atividade humana capaz de proporcionar um singular reconhecimento à consciência, devendo atingir a cada indivíduo particularmente e sem motivação externa que lhe motive tal reconhecimento. É esta consciência que diferencia tal objeto de outros comuns, não dependendo também do tipo de material que a forma nem das premissas filosóficas desse, apenas deve ser aceito como produto da espiritualidade humana. Essa particularidade abrange o sentido de obra de arte dado por Brandi na questão da experimentação dela. Ele afirma que a obra deve ter experiências particularizadas a cada momento, pessoa ou ambiente, e deve ser recriada a cada vez que é experimentada esteticamente, mantendo-se idêntica a si mesma. Isso mostra que a obra de arte não envelhece porque ela se justifica em si. Como propriedades, Brandi aborda duas: a estética, ligado à artisticidade e a configuração formal; e a dimensão histórica que lhe compete como produto humano realizado em tempo e lugar.

6. Considerações Finais
A obra de arte pode ser entendida como uma proposição de forma a uma matéria que provoca em seu observador um reconhecimento de valor que permeia o âmbito estético e afetivo. Não nasce de uma verdade imediata, comum ao nosso pensamento cotidiano, mas nos revela uma verdade singular, a cada obra e a cada observador que a aprecia. Sua potencialidade material está no conhecimento tecnicista e histórico do artista, mesmo que intuitivo, que a diferencia de uma produção arbitrária ou uma ficção.


SUGESTÕES DE LEITURA SOBRE O TEMA
Haar, M. A obra de arte: ensaio sobre a ontologia das obras - 2ª Ed – Rio de Janeiro: DIFEL, 2007.
Brandi, C. Teoria da Restauração – Cotia, SP: Ateliê Editorial, 2004.

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